domingo, 20 de setembro de 2015

Casa suja

Menina, conta aqui, que agora eu fiquei curiosa: Você é do tipo que não gosta de receber visitas em casa porque depois fica uma pilha de louça pra lavar, chão pra limpar entre outras coisas que precisam ser feitas para uma casa viva se manter limpa e organizada?
Eita nóisssss, que pena!
Ah, sua casa não é uma casa que conta histórias!
Quando eu era criança minha casa sempre foi um lugar de muita gente, era ponto de encontro, dos amigos, da família, dos vizinhos, fosse durante o dia ou durante a noite, tinha sempre alguém chamando no portão.
Se a visita chegava num momento desprevenido e não se podia oferecer mesa farta, dava-se um jeito e colocava-se o que se tinha de melhor no prato... se fosse apenas água, que esta fosse servida no melhor copo. Aprendi na casa dos meus pais, que assim como o sorriso tinha que estar no rosto o peito tinha que estar aberto para que as pessoas pudessem se sentir bem recebidas.
Bom... heranças genéticas a parte, eu gosto de casa suja, de louça na pia, de marcas de pés no chão, de pontinha de dedos nas paredes! Não vá pensando aí que sou do tipo porquinha não!!! Eu explico: É que entre casa limpa e casa cheia, vou sempre optar por muitos pratos na pia, depois de deliciosas comidinhas acompanhadas de boas companhias!!!
Ooooo mulherada! Casa limpa não tem cheiro de gente, não tem eco dos risos e não possui paredes que guardam boas histórias e lembranças!!! Pode parecer piegas, clichê, ou coisa parecida, mas pra mim, limpar a casa pra receber as pessoas é tão prazeroso quanto limpar depois que a festa acaba, porque cada prato lavado, cada passo marcado, cada migalha caída deixam lembranças dos encontros, que a vida nos proporcionou!! Sim, entre casa limpa e casa cheia, sempre  vou optar por histórias, que ficarão gravadas nas minhas paredes!!!
Sabem que o Júlio era do tipo que não gostava muito de receber visita em casa não, ficava todo preocupado com as paredes, com o chão pra limpar, enfim, ficava preocupado com coisas que não era ele quem teria que fazer depois... não que eu não o deixasse fazer, mas na época nunca se dispôs...
Bom... com o tempo ele também foi se acostumando, foi aprendendo a valorizar paredes com histórias, passou a ajudar na limpeza pré e pós visita, e hoje minha casa é ponto de encontro, com muito prazer!!!
Olha, vem cá, deixa eu te contar um segredo: A gente vai embora e a casa vai ficar aqui!!! Mas se você é daquelas que não abre mão de uma boa faxina, menina, aproveita pra fazer isso enquanto dá risada das conversas gostosas, que renderam deste encontro!!!
Bom, vou te ajudar... ai vão algumas dicas do que uso nas minhas faxininhas pós festa:
Ficaram marcas de dedos nas paredes? Tem uma bucha milagrosa, sensacional da 3M,  ela é azul e branca, própria pra limpezas pesadas nas paredes. (eu deveria cobrar pra fazer propaganda, né? Mas a bendita é boa mesmo!!!)
Se o chão ficar muito marcado, experimenta antes da limpeza espirrar produto desengordurante e deixar agir por alguns minutos, antes de passar um pano úmido. Aí é só repetir o processo de pano úmido e limpo por algumas vezes e pronto! Chão brilhando novamente!
Para os eletrodomésticos ficarem um espelho, Cif cremoso é o canal!
Agora, se você não quer usar nenhum destes produtos, faça apenas uma mistura de 50% de água e 50% de água sanitária, coloque num borrifador e pronto, é só espirar no chão, no fogão, na pia, que tudo volta a ficar limpo e desinfetado.
Para os móveis de madeira, experimente a mistura de água, detergente e uma gotinha de lustra móveis... passa com um pano úmido e depois finalize com um pano seco!
Viram como meu conceito de casa suja foi metafórico, porque num minuto volto com a casa limpa, cheirando a limpeza e cheinha de histórias deliciosas dentro dela!!!

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A Hora da Xepa


Menina vem cá, deixa eu te perguntar uma coisa: Você tem o hábito de frequentar Feira Livre?
Chega lá junto com os feirantes? Daquelas que ajuda montar barraca pra ser a primeira a pegar o primeiro pé de alface da feira? Xiiii, deve pagar uns 10 reais por um né?
Gosta de um pastel de palmito e aí por isso não passa das 11h pra chegar, fazer as compras e correr pra barraca de pastel pra  garantir o seu sabor preferido? Pastel de palmito é o primeiro a acabar. Sempre que chego na barraca tem um monte de gente querendo e a dona precisa repetir cinquenta vezes, que acabou!
É amiga, esta hora você deve pagar uns R$ 7,00 reais pelo pé de alface né?
Ou você é daquelas, que vai às 12h45 pra ouvir o feirante simpático poetizando: “Tá baixando os preços, agora é pra levar! Moça bonita não paga, mas também não leva!" Eita "nóis", se tem feirante falando essas coisas pra gente é porque ainda tá dando pro gasto né?
Gente, esta é a Hora da Xepa, é a hora animada da feira, todas as barracas fazendo promoção, produtos ainda fresquinhos, com precinho lá embaixo!!!
Feirante danado de esperto usa da simpatia pra não levar o prejuízo pra casa e a dona da barraca de pastel, que não é boba nem nada, espera até o último cliente da feira, pra desmontar seu posto de trabalho!!! E eu garanto o pastel de carne, o meu preferido, e o de muita gente, ou não, porque este não acaba nunca!!!
Semana passada cheguei à feira às 12h45, com R$ 11,50 no bolso, queria comprar apenas algum legume e uma salada pra fazer no almoço. Apesar da feira ser bem pertinho de casa, dificilmente eu a frequentava, no máximo chegava até a barraca de pastel e voltava pra casa, mas naquele dia resolvi entrar um pouco mais!!! Não andei nem 50 metros, pra voltar muito feliz e surpresa, pois em menos de 5 minutos, lá estava eu com 3 sacolas recheadas de coisinhas gostosas e baratinhas!!! Não acredita? Então confere:
1 pacote de tomate por 1 real
1 pacote de cebola por 1 real
2 pacotes de couve picada 3 reais
1 pacote de catalonia picada 1,50 reais
1 pacote de almeirão picado 1,50 reais
1 pacote com 3 abobrinhas 2 reais
1 pacote de quiabo 1,50
Carambaaaa!!! Garanti a feira da semana!!! 
Faltaram as frutas, mas tudo bem, eu só tinha levado R$ 11,50 e a expectativa, em dias de crise, era voltar, com no máximo, 2 produtos!
Sem falar que o contato com os feirantes é tão humano, mas tão humano, que em tempos de compras pela internet isso chama-se resgate. Resgate? Sim, resgate de conversa olho no olho!!! De sorriso, de gentileza, de gratidão, de brincadeiras, de artistas da feira, enfim, coisas que as máquinas não conseguem fazer!!! Bom demais!!!
A economia valeu a pena, e garantiu a mesa farta de coisas boas, saudáveis e baratas!!!
Ah, adivinhem a cara do Julio quando me viu entrando em casa cheia de sacolas? 
Pois é esta mesmo, achou que eu tinha gastado até... 
Eita que homem acha que a gente não sabe fazer economia né?
Pois é... Tudo bem que eu não fui com este intuito, mas ele não precisa saber! O que importa é que fiz uma baita economia!!! 
Esta semana, cheguei mais cedo à feira e as sacolas não saíram tão fartas, mas garanti o pastel e a conversa simpática, de olho no olho com feirantes poetas!!!
Viva a feira, e viva a hora da Xepa!!!

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Metade da laranja




Encontrar a metade da laranja, a tampa da panela, o par perfeito, não é tarefa fácil, aliás o que torna um par perfeito? Gostar das mesmas coisas? Ser da mesma religião? Pintar a vida do mesmo tom? 

Posso garantir, que estou casada há quase 20 anos e ainda não encontrei! Porque da laranja gosto só do “chapeuzinho”, e tampas que se encaixam perfeitamente em panelas, podem gerar pressão e uma hora estourar! 

Confesso que tive muita preguiça de pensar em encontrar um par perfeito! Imaginem que chatice tudo estar na mais perfeita harmonia, sem nunca ter um ponto de divergência? O que eu poderia aprender com meu companheiro se tivéssemos o mesmo ponto de vista sobre as coisas? Nunca nos provocaríamos a enxergar tons diferentes da vida, a conhecer novos sabores, a descobrir novos cheiros e encontrar outras possibilidades para viver. 

A ciência não é algo que me atrai muito, mas aprendi com ele, que “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, tão profundo, que eu daria crédito a algum poeta, mas não é poesia. Segundo o cientista Antoine Laurent Lavoisier é o princípio de conservação das massas, pura ciência!  
Ele não é muito ligado em arte e literatura, mas o apresentei a Drummond, Manoel de Barros, Van Gogh, Malfatti, Brecheret e, recentemente, visitamos a Pinacoteca de São Paulo, para conhecer o acervo permanente e as obras de Ron Muek. Eu falo sobre poesia e ele fala sobre fórmulas químicas, e assim a gente constrói nossa relação de energia, por que seria muito chato se a vida dele fosse composta apenas por átomos e moléculas, que não pudesse transitar pelas palavras de Drummond. 

Reconheço, que as exatas precisavam fazer parte da minha vida de alguma forma, e se não foi por escolha acadêmica, então que viesse pela química, talvez a orgânica, a qual provocava frio no estômago, brilho nos olhos e arrepios pelo corpo, todas as vezes em que estávamos juntos. 

Somos muito diferentes, mas depois de tanto tempo de convivência, tem horas que não sei mais quais são as partículas de cada um, percebo em mim, atitudes que não eram minhas, e percebo nele um pouco das minhas manias. Se o nosso relacionamento fosse uma propriedade física da matéria eu a classificaria como líquida, ou talvez gasosa, jamais como sólida, pois esta é enrijecida, pouco flexível e tem um formato definido. 

Casamento não é uma instituição fácil de lidar, posso dizer que é mesmo complicada, mas fazer planos juntos é tão mais legal a fazer planos sozinha. Por isso, todas as vezes que pensei que não daria certo, por causa das diferenças, eu percebia que era aí que aconteciam as melhores reações químicas, nossas substâncias se misturavam e resultavam na fórmula do amor. 

Quase duas décadas juntos, e todos os nossos experimentos nos ofereceram as mais diversas transformações. Não sei quanto tempo ainda vai durar, mas enquanto estivermos olhando para o futuro e vendo nossa casa cheia de netos, seguiremos acreditando, que será pra sempre! 

Se hoje, eu fosse uma mulher solteira, jamais sairia por aí, em busca do par perfeito, continuaria com preguiça! Tentaria encontrar elementos de afinidades químicas, para que esta reação pudesse transformar-se em ideias, discussões, conversas, planos, filhos, sonhos, harmonia (porque não?), carinho, partilhamento, respeito, comprometimento, liberdade, cumplicidade e muito amor!